Boas! Finalmente o relato da minha Travessia favorita de entre as que guio para a GEAPRO, a da N. Srª da Peneda. A minha favorita pelos trilhos, pelo tipo de beleza e pela camaradagem que tenho encontrado entre os participantes que tenho acompanhado durante a realização da mesma.
Adiante! Como sempre, tudo começou no dia anterior, sexta-feira, com o arranque da viagem a ser feito logo que saí do trabalho - o carro já estava carregado com todo o material necessário para poupar tempo. A viagem é longa e, já o sabia, ia descansar pouco. Encontrei-me com o outro guia, o Miguel, e continuámos a viagem na companhia um do outro, ainda que cada um no seu carro, já que somos de locais diferentes e um bastante afastadas. Quando chegámos a Espanha ainda andámos a preparar os carros que iriam acompanhar os participantes ao longo dos dois dias de pedaladas.
Manhã do dia 1 (apenas 5h depois de adormecer, podia ser pior), e a animação já imperava entre o staff, e quando nos juntámos aos participantes, aí então era mais que muito, com o reencontro de velhos amigos destas paragens, e a apresentação a novos companheiros. Tudo preparado e lá arrancámos com o atraso da praxe. Saímos de Entrimo, e ainda circulávamos em alcatrão numa estrada ladeada por uma fantástica mata de um lado e de um rio cristalino do outro, e eis que surge o primeiro furo, com menos de 3km!!! Para ser mais rápido trocámos a roda por outra que estava no jipe que, como é habitual, vinha a fechar o percurso. Novo arranque, e por fim entrámos em terra. Uma pequena extensão de sobe e desce para nos habituarmos ao tipo de terreno, e eis que começa a primeira subida do dia, a mais longa de toda a travessia, com cerca de 20km, começando nos 500m e acabando praticamente nos 1400m de altitude. Com um tempo fabulosamente primaveril, lá fomos subindo com muita conversa, alguns desafios, e paragens para fotos. Devido à diferença de andamentos o grupo acabou por se partir em dois, embora nos voltássemos a juntar por alguns momentos aquando do abastecimento. Entretanto, começaram a aparecer os primeiros vestígios de neve, primeiro pequenos restos, para depois dar lugar a uma imensidão de caminhos gelados que proporcionaram grandes momentos de diversão a todos! Tempo para pedalar um pouco em (falso) plano para, entretanto, se fazer a grande descida do dia. Tudo o que sobe, desce, e depois de 20km a subir foram mais de 5km a descer, bem depressa em estradão largo e rápido, com algumas zonas com pedra solta e regos transversais a exigirem alguma atenção da parte de todos. Chegados ao fim da descida aproveitámos para visitar um café (ou melhor, "tienda") onde uma fantástica salamandra tinha "salvo a vida" a muitos de nós 2 anos antes, quando fomos apanhados por um fortíssimo nevão ainda durante a subida. Depois de recordados esses momentos, tempo para continuar por uma bonita estrada durante algum tempo, com algumas subidas, até entrarmos numa nova localidade e sairmos à esquerda para terra, para aquela que era a "parede" do dia. O grupo que eu acompanhava (tal como eu) ainda tentou, mas a inclinação, juntamente com o mau estado do piso obrigaram-nos a desmontar e seguir durante algumas dezenas de metros a pé, a empurrar as bicicletas. Lá conseguimos voltar a montar e seguir pedalando, mas a partir daqui o percurso endureceu ainda mais, subindo constantemente durante cerca de 10km, mas com inclinações bem mais íngremes do que na subida com que tinhamos iniciado o dia - que belíssimo treino, afinal de contas um dos meus objectivos para esta deslocação ao Gerês. Nova entrada em estrada, agora já com a maior parte da jornada percorrida. Uma descida longa para relaxar, viragem à esquerda e entrada numa outra estrada, mais secundária, ladeada de belíssimas matas de ambos os lados. Mais um topo ou dois e descida final até ao hotel onde iríamos pernoitar, o Hotel da Peneda. Bicicletas arrumadas, banhos tomados - hora de jantar para retemperar forças e trocar episódios vividos durante o dia.
Para verem as fotos deste 1º dia, sigam o seguinte link: