terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

02 - 01.02.2009 - Troféu Airbike: 6H Resistência Airbike (Pousos)

Olá,
desta vez venho descrever a minha primeira participação da época de 2009, as 6h de Resistência do Troféu Airbike, após a impossibilidade de participar no Raid de S. Martinho pelas condições atmosféricas extremamente adversas que se fizeram sentir no dia da prova.
A minha participação nesta primeira prova do Troféu Airbike 2009 começou no dia anterior à prova, tendo-me dirigido ao local da prova para fazer o reconhecimento do percurso e possíveis zonas de assistência. Chegado ao local, e após uma curta conversa com o staff da organização, fui dar uma volta ao percurso para ficar a conhecer o mesmo: zonas rolantes, subidas, descidas, zonas técnicas, zonas que se viessem a tornar impossíveis ou quase por causa da lama, já que o mau tempo já se prolongava há mais de 4 semanas. Desde logo tive a percepção de algumas zonas que seguramente iriam ficar muito complicadas com a passagem dos cerca de 170 atletas inscritos, ainda sem contar com as 6 horas de duração da prova. Para além disso, desde logo fiquei com a certeza que para terminar a prova seriam necessárias duas coisas: uma bicicleta bem afinada/ fiável e estar preparado psicologicamente para a tortura que facilmente se adivinhava. Este segundo aspecto tinha uma razão de ser adicional: pela minha experiência, e tendo em conta as condições do percurso, e a previsão de chuva para a altura em que a prova estaria a decorrer, era mais do que certo que iriam desistir muitos participantes, fosse por falta de vontade de andar à chuva/lama ou por falta de vontade de andar a estragar material, o que fazia com que a possibilidade de ficar ainda melhor classificado aumentasse muito.
No domingo acordei bem cedo, tomei um bom pequeno-almoço, preparei as poucas coisas que faltavam e fui para os Pousos. Fui dos primeiros a chegar, o que permitiu desde logo reservar um bom espaço não só para mim, como também para o resto da equipa. Como faltava muito tempo para a partida, foi uma boa oportunidade para pôr a conversa em dia com algumas pessoas que não via há muito tempo. Feito o "check-in", preparou-se a bicicleta e deu-se entrada da mesma no parque fechado. Tempo para algumas fotos de equipa com os restantes membros do Róódinhas/Santos Silva TMN, e entretanto era tempo de ir para a linha de meta. Como se tratava de uma prova de resistência longa, não tive muita pressa, e fui dos últimos a chegar, ficando assim na cauda do pelotão.
Partida! Para não variar a confusão habitual, e, também a vontade de partir a fundo. No entanto, isso seria uma má jogada, já que iria pedalar 6 horas, não 1, 2 ou 3. Desde logo fiquei impressionado com a rapidez a que o piso se estava a degradar, bem superior ao que tinha imaginado. Ainda na primeira volta havia zonas que estavam já praticamente impossíveis. Nada mais restava do que manter uma atitude positiva perante as adversidades para resistir o máximo e fazer o máximo de voltas nas 6 horas de prova. Começei a passar alguns atletas que arrancaram forte demais, continuei sempre a ganhar lugares durante toda a prova. Na primeira passagem pela meta recebi o bidon que não levei para a primeira volta, já que não achei necessário. Continuava a sentir-me muito bem, afinal o percurso tinha cerca de 10km. Continuou a correr tudo bem, sempre com muita motivação, muito boa disposição, enfim, a postura que eu queria para que tudo corresse pelo melhor. Algumas barras ingeridas, algumas embalagens de gel, muitos hidratos e sais fundamentais para o corpo continuar a funcionar bem. Já não sei em que volta, mas, com tanto gel ingerido comecei a ficar bastante indisposto, tendo de parar um pouco na zona de assistência para comer algo mais natural e que me ajudasse a melhorar. Algumas garfadas de massa e carne e melhorou-se um pouco. Entretanto, deu-se a chegada da tão anunciada chuva que caiu durante cerca de 15m. Felizmente o percurso era quase todo em zonas de mata, logo, proporcionava bastante abrigo. De tal forma que não se sentiu muito, e na passagem seguinte pela meta bastou trocar de camisola interior. As pernas sofreram um pouco mais, já que arrefeceram bastante com a chuva fria, o que me fez passar um bocado menos bom com ameaças de cãimbras, não pelo cansaço, mas por os músculos estarem tão tensos do frio. Abrandou-se um pouco o ritmo como consequência, mas entretanto as pernas voltaram a aquecer. Cada vez via menos gente no percurso, impressão essa que me era confirmada pelos vários elementos da organização espalhados ao longo do percurso - a minha previsão confirmava-se! O final aproximava-se, o corpo começava a falhar, os jogos psicológicos já eram mais que muitos, mas lá se foi continuando a luta. A presença de alguns amigos na zona de assistência nas últimas voltas foi uma preciosa ajuda - muito obrigado! À entrada da última volta o meu colega de equipa Sérgio estava parado na zona de assistência com um problema técnico: corrente partida. Ninguém estava a conseguir resolver o problema apesar de toda a boa vontade. 5 minutos depois estavamos ambos a arrancar para a última volta cheios de vontade! Foi uma aventura fazer as descidas nesta última volta, já que as pastilhas do meu travão traseiro já tinham chegado ao ferro o que resultava num efeito de abrandamento, não de travagem. Já perto da zona de meta para finalizar a prova ganharam-se mais algumas posições num último esforço. Cheguei muito desgastado, o que não é de estranhar pois estamos no início da época e a forma física ainda não está a 100%.
A posição final veio a confirmar que o meu raciocínio e planificação estavam ambos correctos: 37º lugar da classificação geral e 13º de veteranos A. Um resultado que me deixou bastante satisfeito, já que tinha estabelecido como objectivo entrar no top 50 para pontuar. Penso que representei a minha equipa de forma positiva, pontuando logo na primeira prova em que defendi as suas cores e patrocinadores.
Relativamente à organização, os meus parabéns. Depois de várias semanas de mau tempo conseguiram fazer um percurso que, apesar de se ter estragado bastante em 2 ou 3 pontos, se manteve na sua quase totalidade ciclável, embora bastante duro e com muito poucas zonas de descanso/recuperação. Para as zonas que se tornaram intransitáveis podem apostar em zonas alternativas como se faz num dos percursos da Taça do Mundo de XCO, e assim manter a qualidade e praticabilidade de todo o percurso. Relativamente aos banhos e lanche não me posso pronunciar, porque como moro perto escolhi recolher para o conforto do lar.
Muito obrigado às pessoas que me deram força ao longo das 6 horas e trataram do meu abastecimento: Helena Lourenço, Suéli Lorvão e Sr. Luis Mateus dos Róódinhas. Sem vocês teria sido infinitamente mais duro.
Obrigado também a outras pessoas que estiveram no circuito durante as 6 horas e tentaram sempre manter o espírito animado, volta após volta: Sr. Emídio Marrazes, Pedro Cunha e Rui Martins.
Um abraço ainda aos amigos que foram aparecendo ao longo da prova e me encorajaram a continuar sempre com a máxima força, mesmo quando a mesma começava a faltar.
Agora resta recuperar e continuar a treinar porque a próxima prova está a chegar: 3H Resistência Róódinhas na Benedita.
Até lá,
Boas pedaladas

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